O presente projecto pretende promover um estudo intensivo do Castelo de Monforte de Ribacôa, também conhecido por Castelo de Nossa Senhora de Monforte, situado no extremo sul do concelho de Figueira de Castelo Rodrigo. Para além de uma cartografia detalhada dos vestígios que, ainda hoje, persistem e da análise da sua cultura material, o projecto procura alargar o seu alcance à população que habita no seu entorno, tornando-o numa plataforma de interacção social âncora de desenvolvimento social e cultural, a nível local e regional, permitindo captar diferentes públicos. 

 

Desta forma, prevê-se o desenvolvimento de um plano sustentável e continuado de inclusão da Arqueologia e do Património cultural no imaginário e quotidiano das populações locais. Partindo dos métodos e técnicas da Community Archaeology, definida como um conjunto de práticas dentro da disciplina em que parte do poder decisório sobre a gestão patrimonial reside na própria comunidade (MARSHALL, 2002), procuramos desenvolver uma relação entre a comunidade do Vale do Côa e as comunidades do outro lado da raia no que concerne ao seu Património cultural comum, relevando o facto do Castelo de Monforte ser de fundação Leonesa e até finais do século XIII, ter integrado uma linha defensiva que se desenvolvia ao longo da margem direita do Rio Côa e que constituía um ponto de cisão entre as duas realidades nacionais. Em 1297, com o Tratado de Alcañices, foi transferido para égide da coroa portuguesa, acabando por perder importância estratégica na defesa do território e sendo votado ao abandono em que ainda hoje se encontra e do qual pretendemos recuperá-lo, tornando-o num lugar de cooperação sócio-cultural e económica entre a Região do Vale do Côa, a Província de Salamanca e Castela e Leão. 

 

 

        Objectivos principais:

 

Partindo dos pressupostos desenvolvidos pretendemos, numa primeira abordagem, realizar através da implicação e colaboração com diversas associações de âmbito local e regional, que têm como objectivo o estudo e valorização do Património:  

 

1. O estudo extensivo dos vestígios arqueológicos do Castelo de Monforte de Ribacôa, através da topografia intensiva do sítio arqueológico, prospecção intensiva dos seus vestígios e realização de sondagens arqueológicas em áreas chave, no sentido de tentar perceber as várias ocupações deste lugar, a sua cultura material e a interacção e integração numa rede mais vasta de castelos medievais, comprometidos com a defesa da fronteira luso-espanhola;

2. O estudo integral numa lógica de Arqueologia Comunitária do sítio arqueológico através da integração das comunidades nas várias etapas do projecto;

3. A dinamização de Roteiros Arqueológicos no território do município de Figueira de Castelo Rodrigo, na região do Vale do Côa e no outro lado da raia;

4. Actividades de educação patrimonial junto da comunidade escolar;

5. O desenvolvimento de uma base de dados referente à tradição oral associada ao território;

6. A construção de um modelo de investigação e gestão patrimonial do Castelo de Monforte de Ribacôa, a longo prazo, fundamentado nos princípios da Arqueologia Comunitária, a ser desenvolvido por membros da comunidade, após frequência de acção de formação inserida no âmbito do Plano de Formação e Desenvolvimento Comunitário Novos Desafios.  

Posteriormente, partindo do pressuposto que os objectivos acima referidos são atingidos, pretendemos realizar um projecto integral de intervenção, que compreende:  

 

1. Escavação arqueológica do Castelo de Monforte de Ribacôa, integrando um plano de formação de estudantes nacionais e estrangeiros, assim como de membros das comunidades e aproximação ao público;

2. Divulgação das actividades desenvolvidas pela equipa do projecto;

3. Concurso de desenhos para a comunidade escolar, alusivos ao sítio arqueológico e território envolvente;

4. Organização de concursos locais para recolha de lendas e contos relacionados com o Património arqueológico da região;

5. Revisão e actualização da cartografia mítica local;

6. Recolha de lendas junto dos adultos e idosos,

7. Implementação de uma base de dados com Histórias de Vida e dos lugares da memória;

8. Actividades pedagógicas a desenvolver junto das comunidades;

9. Divulgação pública dos resultados da investigação.  

O presente projecto constitui-se como centro simbólico da acção da RIBACVDANA e prende-se com a necessidade de aproveitamento dos recursos endógenos enquanto factores de coesão social, de dinamização social e económica, de forma a favorecer o desenvolvimento local e regional, sobretudo em áreas territoriais onde o despovoamento é uma ameaça cada vez mais premente, como é o caso do território do município de Figueira de Castelo Rodrigo e de todo o Vale do Côa. Pretende-se que, através da Arqueologia assente nos princípios da Arqueologia Comunitária, se proporcione a integração das comunidades nas várias actividades e etapas a desenvolver e na tomada de decisão acerca da gestão do seu Património. O PICMOR pode, desta forma, tornar-se uma ferramenta importante para a promoção do desenvolvimento sustentável da região, bem como para a coesão social e o desenvolvimento económico. Como alternativa ao modelo tradicional de financiamento público, o projecto prevê a organização de cursos formativos de Arqueologia e Estudos do Património abertos a todos os públicos (que participarão com um contributo económico, suporte financeiro parcial do projecto), através dos quais tomarão contacto directo com a gestão de um sítio arqueológico, desde a escavação à sua valorização e integração em circuitos culturais. A realização do curso será um elemento de dinamização económica, social e cultural da zona durante a sua execução e constituirá um primeiro impulso para a valorização do lugar. A mobilização social gerada pelo projecto poderá propiciar a participação activa da administração local, através de apoio em meios técnicos e infraestruturas necessárias ao seu desenvolvimento. Em complemento a uma plataforma de crowdfunding e micro-mecenato, destinada ao apoio por particulares e do patrocínio por empresas e mecenato público e privado, contributos económicos que garantirão a sua sustentabilidade pelo meio de relações abertas e transparentes entre os promotores e “amigos do PICMOR”, celebradas com base em critérios científicos e éticos.  

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O PICMOR conta com a parceria científica de várias associações e projectos, dos quais se destacam: Projecto Outeiro Do Circo, Sanlourenzo.net - Arqueoloxía en comunidade en Cereixa, Cambedo 1946 - Arqueologia da Resistência na Raia Galego-Portuguesa, Congreso SOPA, Underground / Arqueología Patrimonio & Gente, Terra Levis. Arqueologia en comunidad. e Castelo de Lobarzán.

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A equipa do PICMOR: José Paulo Francisco, Tiago Gil e Tiago Ramos

O Presidente da direcção da RIBACVDANA: António Lopes