O nascimento da RIBACVDANA
Há vários anos atrás, decidimos criar uma associação que coordenasse as nossas actividades "contrabandístico-culturais", actividades que vinham sendo medianamente organizadas a partir da “Plataforma Ciudadana en Defensa del Ferrocarril” e na qual alguns de nós participava ,mas restringindo-se em termos práticos a sua actuação à reivindicação de reabertura do troço desactivado da Linha do Douro, através de manifestações culturais.
A defesa da Linha do Douro / Ferrocarril del Duero (Porto - Salamanca), amputada em 1985 entre La Fuente de San Esteban/Boadilla - La Fregeneda/Barca d'Alva e, em 1988, entre Barca d'Alva e Pocinho, uma via que nos une, foi/é o mote, mas o que estava/está em causa, era/é a defesa da região raiana, do seu Património em sentido amplo e das relações transfronteiriças.
A criação do periódico "Contrabando - revista peninsular multilingue" (2009), congregou outros esforços e vontades e, no ano seguinte, nasceu em Salamanca a "Asociación de Frontera Tod@vía por una Vía Sostenible / Associação de Fronteira Tod@via por uma Via Sustentável", colectivo que só não é oficialmente ibérico, porque a legislação o não permite – razão pela qual desde a primeira hora a sua denominação é bilingue – e, logo que se justificasse, seria registada em Portugal.
O tempo foi decorrendo e a nossa intervenção cidadã, tanto na recuperação da via-férrea como o reforço dos laços culturais entre ambos os lados da raia, foi sendo incrementada.
Com a "descoberta" da estação arqueológica denominada Castelo de Monforte (fortaleza medieval leonesa), na freguesia do Colmeal, concelho de Figueira de Castelo Rodrigo e início do seu estudo, tinha chegado o momento de criarmos uma estrutura naquela zona da "raia republicana" – de substrato cultural leonês – que colmatasse as necessidades decorrentes de uma actividade regular e organizada em defesa do Património Cultural comum.
E começaram as diligências para registar a Tod@via em Portugal, sendo para o efeito realizada uma reunião em Figueira de Castelo Rodrigo com a sua Junta Directiva, no final da qual, para espanto e desilusão nossa, o seu presidente recusou autorizar o registo de uma associação em Portugal com aquela designação, sem que até hoje, apesar das insistências, nos fossem explicadas as razões.
Face a esta desilusão, considerámos numa primeira fase, que deveríamos procurar na região uma associação já existente para nela nos integrarmos, pois criar mais uma colectividade ex novo quando oficialmente tantas existem, talvez não fizesse sentido, melhor seria dinamizar uma pré-existente.
Contactámos a "Colmeal Sempre", com sede física construída adrede no Bizarril no final do mandato autárquico anterior, mas sem actividade. Durante meses fomos insistindo com o seu presidente, Teodoro Farias, anterior (e último) presidente da Junta de Freguesia do Colmeal, aparentemente parte interessada na defesa daquele território e que de nós se aproximara quando, em dezembro de 2013, denunciámos um grave atentado à aldeia-morta do Colmeal. Mas em vão.
Frustrada esta tentativa, virámo-nos para a "Associação Transumância e Natureza", com sede em Figueira de Castelo Rodrigo, cujos dirigentes amavelmente nos receberam mas, foram de opinião que, dedicando-se eles apenas ao Património Natural – possuem a primeira e única reserva natural privada em Portugal (Faia Brava) que muito bem gerem – não faria sentido acrescentar mais áreas de investigação, por "já tocarem muitos burros" e, aconselharam-nos a criar uma associação própria, em cujo processo o seu presidente se disponibilizou para colaborar.
E nestas circunstâncias, não nos restou a alternativa senão a de criar uma nova Associação, Nascia a a RIBACVDANA – ASSOCIAÇÃO DE FRONTEIRA PARA O DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO, criada na cidade da Guarda, através de escritura pública em 26 de Agosto de 2015, agrupando amigos e investigadores dos dois lados da raia política, congregando um historial de trabalho cultural desenvolvido na região da raia do Ribacôa pelos seus membros fundadores.